Como os candidatos ao governo vão enfrentar o desemprego

O emprego, ou melhor, a falta dele, é um tema obrigatório da campanha que já começou. O assunto não teve o devido destaque no primeiro debate entre os governáveis na TV, exibido pela Band no último dia 16. Apareceu de forma transversal, quando a discussão girava em torno da recessão econômica e da agricultura. As estatísticas, no entanto, impõem que esse seja um tema abordado em profundidade. Salvador é a capital do desemprego, com  513 mil pessoas fora do mercado de trabalho. Já a Bahia, é líder em número de desalentados – pessoas que mesmo em idade produtiva não buscam mais emprego por não verem perspectiva de contratação.

Atento a essa realidade, o Coletivo Interface direcionou o olhar para os programas de governo dos candidatos com o objetivo de saber o que eles têm a dizer sobre o (des)emprego no estado e quais são as suas promessas para reverter o quadro de recessão sentido em todo país. O que vimos é que a maior parte dos planos associam a geração de emprego ao desenvolvimento econômico e à infraestrutura. A dimensão social e educacional (com os programas profissionalizantes) fica em segundo plano – em alguns dos documentos os assuntos nem mesmo aparecem de forma relacionada.

Rui Costa
Candidato à reeleição, Rui Costa cita em seu plano de governo a reforma trabalhista,  “que não criou novos empregos, apenas aumentou o desemprego e a precarização das relações de trabalho”. Também fala da Lava Jato, que “destruiu empresas e segmentos econômicos inteiros”. O programa tem uma seção específica voltada para o trabalho, mas em vez de apresentar propostas concretas para o tema, cita iniciativas federais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida, que estimularam a criação de novos postos de trabalho, sobretudo na construção civil. O turismo aparece como uma das grandes áreas geradoras de emprego no estado, mas não há listagem de ações estratégicas para o setor . O trabalho aparece ainda atrelado à educação, com programas como Mais Futuro, Partiu Estágio e Primeiro Emprego, através dos quais estudantes podem se inserir produtivamente no mercado. O plano prevê ainda o estímulo a  formas de geração de empregos formais para a comunidade LGBTI. Veja o programa de governo de Rui Costa.


Zé Ronaldo
Zé Ronaldo (DEM), principal candidato da oposição, dá ênfase ao turismo como principal setor gerador de empregos no estado. O tema emprego atravessa todo o programa do democrata, nas seções Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Social e Gestão e Finanças Públicas. Os programas de desenvolvimento centram-se em novos investimentos e na manutenção e fortalecimento dos empreendimentos e iniciativas já existentes, que provoquem a expansão da população empregada, com criação e formalização dos postos de trabalho e  a ampliação do rendimento médio da população empregada. Assim como Rui Costa, Zé Ronaldo associa o desemprego no estado ao cenário nacional, mas faz questão de frisar a responsabilidade dos 12 anos de gestão do PT na Bahia. Dentre as principais ações que propõe na área da empregabilidade está a reestruturação da Secretaria do Trabalho e Renda, de modo que ela vá “além da pura e simples intermediação de mão-de-obra” e atenda aos”desafios que a nova configuração do mercado de trabalho apresenta”. Veja o programa de governo de Zé Ronaldo.

 

João Santana
João Santana (MDB) dá provas de sua filiação à direita e vincula a geração de empregos ao desenvolvimento e infraestrutura, cujas ações prioritárias são estabelecer políticas públicas especiais para a indústria, comércio e agricultura. O desenvolvimento do turismo e do empreendedorismo também estão entre as ações prioritárias do emedebista, que não destaca a dimensão social da questão. Veja o programa de governo de João Santana.


João Henrique
João Henrique (PRTB) trata do desemprego em grande parte do programa. Ao afirmar que sua candidatura está alinhada a do presidenciável Jair Bolsonaro, diz que vai transformar a Bahia “num canteiro de obras, aquecer os comércios locais e atrair indústrias, além de melhorar a infraestrutura, irá gerar emprego”. O ex-prefeito de Salvador lista alguns dos feitos de sua gestão que, segundo ele, fortaleceram comércio, indústria e serviços. No setor industrial, prevê atenção especial para a fabricação de veículos automotores, de celulose e papel e de produtos alimentícios. Há ainda um eixo voltado especialmente para o servidor público. Veja o programa de governo de João Henrique.

 

Célia Sacramento
Célia Sacramento (Rede) também dá ênfase à carreira do servidor público, com a proposição de um programa de aperfeiçoamento profissional permanente. Grande parte das citações sobre trabalho e emprego do plano da candidata estão atreladas ao ensino, como no Programa Jovem Técnico, e ao desenvolvimento econômico sustentável. Veja o programa de governo de Célia Sacramento.

 

Marcos Mendes
Marcos Mendes (Psol), embora crítico às relações trabalhistas e à situação de precariedade que negros, mulheres e LGBTs estão submetidos em seus postos de atuação, não faz propostas de enfrentamento ao desemprego. Não há descrição dos cenários local e nacional para contextualização do problema e a palavra emprego não é citada no documento. Veja o programa de governo de Marcos Mendes.