#interdebate: o primeiro confronto entre os governáveis em dez pontos

Dormiu durante o debate? A gente lhe entende! O primeiro confronto entre os candidatos a governador da Bahia na TV, exibido pela Band nesta quinta-feira (16), não foi marcado pelo enfrentamento. A bem da verdade, em alguns momentos, ele esteve bem morno. Para quem não acompanhou a discussão – seja porque dormiu ou porque nem quis ver mesmo -, o Interface elencou dez pontos que resumem as principais questões, críticas e respostas dadas pelos candidatos nos cinco blocos do programa. Segurança, educação, agricultura e saúde foram os temas mais recorrentes e devem se repetir nos próximos encontros entre os governáveis na TV e também nas campanhas. Estamos de olho!


Nunca nem vi
Questão única para todos os candidatos no início do debate aproximou os desafios da segurança e da educação (temas ligados aos interesse do eleitorado). Rui Costa (PT) tangenciou e não respondeu sobre o que é o calcanhar de aquiles de sua gestão: (in)segurança pública, mesmo após João Santana (MDB) enfatizar que taxa de “resolução das matanças” no estado é baixa.


Fale com a minha mão
Sendo o principal alvo do debate, por disputar a reeleição, Rui Costa (PT) fugiu do confronto, decorou uma lista de obras e ligou o piloto automático. Em tom de propaganda, com o único objetivo de aproveitar o tempo na TV, Rui ignorou as perguntas e até mesmo sérias acusações feitas à sua gestão, que foi tratada pelos opositores como um governo que vai completar 12 anos (incluindo Jaques Wagner). Rui cobrou ao seu principal opositor, Zé Ronaldo (DEM), que apresentasse os feitos da gestão de 14 anos à frente da prefeitura de Feira de Santana e também que fosse mais propositivo. No penúltimo bloco do debate, o petista disse que não era a hora de falar sobre regulação, quando o assunto era a “fila da morte” da saúde.


Prestígio feminino
Nessa de fugir do confronto, Rui escolheu Célia Sacramento (Rede Sustentabilidade) para responder uma de suas questões sob a justificativa de “prestigiar as mulheres”. Deu a deixa para Marcos Mendes (PSOL) alfinetar a formação da sua chapa majoritária, que tirou a chance de reeleição da senadora Lídice da Mata (PSB) para privilegiar a candidatura de Ângelo Coronel (PSD).


Dá zero para ele
Zé Ronaldo (DEM) e Rui Costa, assim como Célia Sacramento e João Henrique (PRTB), tentaram disputar o lugar de benfeitores da educação. Mas a troca de acusações revelaram que professores e alunos têm pouco a comemorar. Os problemas listados foram a repressão aos professores municipais promovida pela gestão do DEM em Salvador, a greve e o abandono das universidades estaduais geridas pelo PT, a falta de construção de escolas no estado, o modo como o governo diz assumir responsabilidades da prefeitura de Feira de Santana com o Ensino Fundamental e uma disputa para saber quem tem indicadores de educação mais baixos, a Bahia ou Feira de Santana.


Técnico Rui
Ainda pesa para Rui declarações infelizes relacionadas à chacina do Cabula. Marcos Mendes questionou ao governador “quantos gols precisam ser feitos para resolver os problemas da segurança e Célia cobrou posição em relação ao extermínio da juventude. Na disputa pelo voto dos profissionais de segurança, Zé Ronaldo lamentou que a violência atinge até os policiais, enquanto Rui prestou solidariedade à categoria que, segundo ele, estava sendo atacada durante o debate.


Agro é pop
Um tema surpresa foi a centralidade que as discussões sobre a agricultura familiar e o agronegócio tiveram no debate. Extinção da EBDA, encolhimento do Derba e regularização fundiária foram alguns dos aspectos levantados. Uma discussão que se mostrou promissora e foge do olhar viciado para os problemas que competem somente à capital.

 

#LulaLivre
Ao contrário do que se esperava de Rui, o governador acabou federalizando o debate. Convocou a figura de Lula e do pleito nacional em vários momentos e terceirizou a responsabilidade sobre alguns dos problemas de sua gestão para Temer. Rui justificou levar a discussão para o plano nacional por conta do sofrimento da população do Nordeste com os cortes no Bolsa Família e em outros programas sociais. Rui tenta colar a imagem de Temer ao seus opositores. Para lembrar que o caminho não está livre para Lula na Bahia, João Henrique vestiu a camisa de cabo eleitoral de Bolsonaro, lembrando o número da legenda e repetindo a ladainha da “novidade” política.


De onde menos se espera
Quando João Henrique é o mais sensato do rolê algo está errado. O ex-prefeito de Salvador levantou a bandeira do turismo e sentenciou: a Bahia não precisa de dois centros de convenções, mas de diálogo para que se faça um único espaço.

 

Eu sei o que você fez na eleição passada
As alianças políticas entraram na roda. Primeiro, com a lembrança da aliança nacional entre PT e PMDB, em 2014, nas figuras de Dilma e Temer. Célia Sacramento (Rede Sustentabilidade) fez questão de enfatizar a responsabilidade do PT no cenário atual. Logo depois, foi ela o alvo das críticas. Defendeu-se dizendo que a aliança com ACM Neto (DEM), de quem foi vice-prefeita, não foi uma aliança entre os dois, mas entre os partidos, o que  “faz parte do jogo”. Célia lembrou que, enquanto vice, não boicotou ACM Neto, embora o prefeito tenha dado o “golpe” nela. Outro que atacou as alianças recentes do PT no âmbito estadual foi Marcos Mendes, que afirmou que o partido tem “50 tons de ACM”, com uma “equipe carlista” na linha de frente – inclusive citando nominalmente Otto Alencar (PSD). Para se afastar dos correligionários Michel Temer e Geddel Vieira Lima, João Santana (MDB) defendeu sua ficha limpa com unhas e dentes. Prova de que nem o MDB quer conta com o MDB.

 

De esquerda, pero no mucho
João Santana (MDB) disse que não concorda com a “humanidade” e nem com a “sociabilidade” de Rui Costa. No orçamento dos três primeiros anos do governo de Rui, 14 secretarias receberam o correspondente a 5% do orçamento (R$ 2 bi): infraestrutura hídrica e saneamento; desenvolvimento econômico; agricultura; justiça e direitos humanos; planejamento; trabalho, emprego e renda; cultura; meio ambiente; ciência e tecnologia, relações institucionais, promoção da igualdade racial, turismo, política para as mulheres e comunicação social. “Isso do governador dizer que é muito preocupado com o social deixa muito a desejar diante desse quadro”, afirmou. Na mesma linha, Marcos Mendes criticou que com mais de 900 comunidades quilombolas na Bahia, apenas uma foi titulada no governo Rui Costa.