Até o jogar da toalha: três anos de embate entre Rui e Neto

No dia 6 de abril de 2018, os baianos assistiram ao fim de uma novela. A trama foi dessas que começam bem, mas o autor vai perdendo a mão no meio do caminho e, no fim, a gente nem quer mais assistir. Enfim, oficialmente o prefeito de Salvador, ACM Neto, jogou a toalha e decidiu não se candidatar ao Governo do Estado nas eleições de outubro – dizem que nos bastidores isso já era sabido há algum tempo.

Os capítulos finais foram marcados pela hesitação, falta de rumo e visível desgaste do protagonista. Neto deixou o anúncio para o último dia antes da data limite para desincompatibilização de cargo público que todos os pré-candidatos têm que cumprir.

Partidários do governador Rui Costa taxaram o democrata de “arregão”. O líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Zé Neto (PT), falou em medo de “tomar cacete”; o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL), em desistência “na hora da onça beber água”. A debandada e o inconformismo dos aliados do prefeito é clara.

Entretanto, antes desse final melancólico, a ambição do gestor da capital baiana rendeu bons e fortes embates com Rui. O primeiro, bem avaliado em Salvador, querendo ganhar musculatura política e testar sua força em âmbito estadual; o segundo – com a máquina estatal na mão – defendendo o seu legado com unhas e dentes.

Neste 6 de maio, há cinco meses da eleição, o Coletivo Interface publica uma linha do tempo com as principais disputas e trocas de farpas entre os dois principais nomes da política baiana para relembrar a você, leitor, os melhores capítulos dessa novela. O conteúdo é um bônus da newsletter in_box.

Teve briga do bem, ovadas, disse-me-disse, fofoca, provocação, indiretas, boataria, picuinha e inúmeras – quase perdemos as contas – alfinetadas. Tudo extremamente divulgado na imprensa local e nas redes sociais.

Ainda assim, dias após anunciar que não sairia candidato, ACM Neto chegou a dizer que não fez oposição direta a Rui Costa nos últimos anos para resguardar sua posição institucional enquanto prefeito.

“Agora, já na fase de pré-campanha, com um candidato colocado [Zé Ronaldo], vamos falar todas essas verdades para a Bahia e vamos apresentar sobretudo uma proposta para o futuro”, ameaçou, indicando que mesmo não sendo candidato será figura atuante nas Eleições 2018.

No entanto, somente com palavras-chave, é possível lembrar de várias situações em que a rivalidade negada por Neto ficou escancarada: encosta, integração, metrô, passarela, bambuzal, embargo, viaduto, BaianaSystem, Polícia Militar, empréstimo. Enfim, tudo não cabe só aqui. Essa disputa foi ganhando corpo desde abril de 2015, ano em que a nossa linha do tempo começa.