Quando um plano de governo fala mais que mil palavras          

Há uma crença que repetições são capazes até mesmo de transformar mentiras em verdades. Olhamos para as propostas de governo apresentadas pelos candidatos ao Palácio de Ondina e medimos as repetições de palavras como forma de observar quais temas e questões são considerados prioritários pelas equipes de campanha para um projeto de governança. Os documentos, apresentados e disponibilizados pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), revelam minúcias como projetos desenvolvimentistas (desenvolvimento é uma expressão em destaque em 4 das 6 propostas entregues – Orlando Andrade, do PCO, não o fez), centrado em políticas públicas e em programas com nomes de efeito, mas com pouco detalhamento.

A metodologia adotada pelo Coletivo Interface consistiu em contabilizar as repetições das palavras nos documentos, excluindo aquelas desconectadas de sentido, como preposições. O resultado está disponibilizando nos gráficos abaixo. Os programas de governo valem mais que mil palavras por serem documentos que formalizam as propostas feitas pelos candidatos. É a partir deles que a imprensa e a sociedade recorrem para cobrarem as ações no futuro.

Rui Costa (PT) mostrou-se pragmático e organiza os setores sempre pensando nos sistemas (usa a expressão para se referir desde o sistema prisional, passando pelo SUS e pelo sistema educacional). Candidato à reeleição, implantar e ampliar são os verbos mais presentes em seu documento. Seu principal oponente, Zé Ronaldo (DEM), aposta na “novidade” em seu extenso documento de 116 páginas, enquanto João Santana (MDB) faz jus ao lado que pertence e se mostra pouco afeito às questões sociais e ligadas aos grupos mais vulneráveis. Ele não cita negros, gays e nenhuma outra minoria em seu objetivo e genérico documento de 6 páginas (quase dez vezes menor que a média dos demais candidatos). Já Célia Sacramento (Rede) se alinha ao seu discurso pela educação, enquanto Marcos Mendes (PSOL) endossa seu perfil combativo ao ter o advérbio “não” em destaque, denunciando as ausências do Estado e sendo também normativo ao se posicionar sobre o que não deve ser um governo que valorize as minorias.

A consulta na íntegra do documento pode ser feita clicando no nome do candidato ou no site do Divulgação de Candidaturas 2018.

 

Rui Costa (PT)

 
 

Zé Ronaldo (DEM)

 
 

João Santana (MDB)

 
 

Marcos Mendes (PSOL)

 
 

Célia Sacramento (Rede Sustentabilidade)

 
 

João Henrique (PRTB)